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Campeonato Nacional Multipli 2019
Campeonato Nacional Multipli 2019
Os valores de uma convivência saudável pousam sobre os nossos ombros, e levitam-nos na serenidade e na confiança de uma vida que queremos ver espelhada no olhar e no sorriso de cada um.
Que 2022 seja o ano da diferença nos votos de ?Feliz Ano Novo?. A Pandemia enfatizou/enfatiza nas nossas memórias individual e coletiva que vivemos num equilíbrio de energia muito frágil. Traz para muitos o sofrimento e a dor profunda da perda, para muitos outros ainda o receio e a angustia de uma vida incerta e de um isolamento severo para a qual não fomos e não estamos preparados. Provavelmente nunca estaremos tendo em conta a nossa natureza humana. Acontece que agora acordamos para uma realidade que durante demasiado tempo, ao longo das nossas vidas, preferimos (quase sempre) ignorar. Atualmente uma maioria de nós está numa fase de transe coletivo, completamente desorientados e perdidos sem saber bem como reagir, e o pior é que também aqueles que têm responsabilidades e nos deveriam orientar com as suas conclusões e decisões estão numa situação idêntica. Não admira, pois também são humanos e, indubitavelmente, estão com as suas fragilidades ainda mais expostas.
Cabe-nos, por isso, parar e pensar ponderadamente sobre a informação que nos chega. Utilizar a nossa faculdade humana, a racionalidade, para analisar e debater com calma as diferentes opiniões, envolver-nos e encontrar respostas sensatas para assumir a responsabilidade individual na mitigação da desorientação geral, e contribuir para a necessária tranquilidade que nos ajuda com segurança e coletivamente a superar os desafios colocados, sem hipotecar o nosso futuro e o das gerações subsequentes.
Nada acontece por acaso. Compreender a dimensão socioeducativa da Escola e empreender de forma clara, assertiva e sustentável para uma Educação equitativa e de qualidade, implica a coragem e o bom senso na prossecução de políticas educativas com estabilidade e promotoras da qualidade das aprendizagens e do desenvolvimento holístico das crianças e dos jovens.
Uma dimensão socioeducativa que exige dos governos a perspicuidade de um investimento adequado às necessidades de uma Educação inclusiva e global. Desígnios estes que não se compadecem com a crónica falta de professores (já era tempo de, com transparência e probidade, repensar e discutir o modelo de contratação de professores para que estes pudessem estar mais perto das suas famílias e, quando deslocados, terem condições dignas de estadia), a ineficiente formação dos profissionais, docentes e não docentes (estes sem uma carreira condigna), a sistemática procrastinação da revisão curricular nos diferentes níveis de ensino, a falta de convicção e de denodo para reformar/adequar a avaliação e o paradigma do acesso ao ensino superior que tanto tem condicionado os objetivos da autonomia das escolas e do perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória. Um conjunto de reformas educativas urgentes para permitirem um modelo educativo de ensino/aprendizagem que promova a criatividade, o espirito crítico e de iniciativa e o trabalho em equipa, caraterísticas fundamentais na vida de todos nós e com as quais o sistema educativo tem a obrigação de preparar as nossas crianças e os nossos jovens. Estas são necessidades estruturais que exigem coragem e lucidez para as implementar. Além destas, há também as necessidades conjunturais, particularmente as de melhoria de equipamentos e materiais que concorram para a equidade no acesso à educação e às oportunidades de sucesso inclusivo, por exemplo as condições tecnológicas das escolas e das famílias, os transportes e outros materiais imprescindíveis nas atividades escolares.
Esta dimensão socioeducativa da Escola exige também que todos os profissionais, incluindo a gestão escolar, percebam a importância de consolidar uma escola de serviço público de qualidade, com rigor e exigência, que atende às necessidades e expectativas dos alunos e das famílias. Exige, e hoje é praticamente consensual, que as comunidades, particularmente as famílias, sejam parte integrante do processo e do projeto educativo, no claro respeito pela responsabilidade e função de cada um. No essencial, exige uma parceria séria e leal de compromisso e de confiança entre as duas entidades mais responsáveis pelo processo educativo das crianças e dos jovens, a Família e a Escola.
As famílias, particularmente as que participam no Movimento Associativo Parental, têm evoluído muito na compreensão e no envolvimento na vida escolar dos seus filhos e educandos. A natural melhoria do nível de conhecimento geral e académico dos Pais, suscita-lhes uma expectativa mais exigente em relação à escola o que, se devidamente enquadrada e participada, pode consignar uma mais valia para o sistema educativo e para os objetivos que todos ambicionam (abro aqui parêntesis para fazer a ressalva de que esta expectativa, de Pais e Escolas, é muitas vezes confundida com a classificação desejada para o objetivo do acesso ao ensino superior. Também por isso a referência que faço atrás quanto à necessária reforma do paradigma de acesso ao ensino superior e pelo qual há muito nos vimos batendo).
É preciso investir para melhorar o nível de capacitação parental na participação nas escolas, nos órgãos de gestão em que têm representação legal e na responsabilidade tutorial dos filhos em três dimensões distintas e complementares ? a vida escolar; o dever cívico de participar na vida escolar; e o acompanhamento escolar em casa. Importa assumir com seriedade politica as condições mínimas para que os Pais possam efetivamente comparecer e participar. Desde logo as condições justas para conciliar o tempo do trabalho com o tempo da escola. O Estado e as Empresas têm de olhar esta participação como um investimento (mais valia) social e não como uma despesa improdutiva. Uma política de compromisso e de apoio que atendesse o justo e efetivo reconhecimento da CONFAP e das suas associadas. É preciso que haja vontade política para de algum modo encontrar uma solução que na prática corresponda ao estipulado na lei e permita de verdade aos Pais participarem na escola quando solicitados. Uma solução que da parte dos Pais é quase só o tempo para exercer o seu dever cívico sem perda de regalias profissionais e laborais.
Às famílias exige-se a contrapartida responsável e a correspondente prestação de contas por esta participação.
Que 2022 seja o marco da mudança que efetivamente se empreende e se busca a implementação de medidas inovadoras e ousadas que contribuam para um melhor nível educativo e cultural dos cidadãos.
Que seja um NOVO ano e não só mais um ano novo. Ao longo dos tempos assumimos a passagem de ano como naturalmente um ano novo, mas nem sempre nos damos conta da importância de que seja novo no sentido de um renovar a vida e a esperança da humanidade. A pandemia abala-nos com a consciência do significado mais nobre destas palavras, para que não sejam mera circunstância e para que nos empenhemos em fazer de mais um ano um ano novo, um ano que exige, a cada um, renovar e renascer na motivação e na inspiração da concretização dos valores da humanidade, como o trabalho, a dignidade, o respeito, a solidariedade e a ?presença? que abraçam aqueles que connosco convivem.
Jorge Ascenção
Presidente do CE da CONFAP
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